"Todas nós temos anseio pelo que é selvagem. Existem poucos antídotos aceitos por nossa cultura para esse desejo ardente. Ensinaram-nos a ter vergonha desse tipo de aspiração. Deixaram-nos crescer o cabelo e o usamos para esconder nossos sentimentos. No entanto, o espectro da Mulher Selvagem ainda nos espreita de dia e de noite. Não importa onde estejamos, a sombra que corre atrás de nós tem decididamente quatro patas." -Clarissa Pinkola Estés

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Meus problemas são meus.

Estou eu no ônibus (incrível como falo desse lugar), errado. Errado é uma palavra forte, mas eu estava num ônibus que não é a minha melhor opção, eu simplesmente estava com preguiça demais de ficar no ponto, ele estava vazio, pára na porta de casa... enfim.... Aquela porcaria dá a maior volta do mundo antes de chegar na minha casa e foi só chegar na Estrada Turística pra eu lembrar o real motivo de eu odiar aquele ônibus. Quando eu estava no meio dos meus resmungos, já me segurando pra curva que me levaria ao fim do mundo, ele não virou... Isso mesmo caro leitor, ele não fez a curva do fim do mundo. Simplesmente passou reto. Como? um percurso de ônibus não muda assim, de uma hora pra outra, ainda mais um trecho daquele tamanho... No ápice da minha indignação ouço um ser gritar lá da frente:

- Ô Cobrador! Ele num vai subir não?
- Não.
- Como não? por quê?
- Por que uns caras botaram fogo em dois ônibus no sábado passado.


Puta merda, pensei eu. Graças a esses caras do fogo vou chegar mais cedo em casa. Mas que merda pro pessoal que mora no fim da ladeira, no alto do morro. Me lembrei que na Pascoa, a última vez que eu tinha entrado naquela porcaria de ônibus, as ruas estavam fechadas porque o primo de um "mano" tinha sido morto por um policial, aparentemente. Ok, sinto muito pelo seu primo cara, mas caros acompanhantes, era uma sexta-feira, umas 23 horas e tanto, o motorista do ônibus foi ameaçado, nós, passageiros, fomos ameaçados, o motorista teve que dar ré com o ônibus em uma rua estreita e de mão única, manobrar em um cruzamento que era uma ladeira, e pedir pra uma passageira ensinar um caminho pra sair dali. Repito, sinto muito pelo primo do cara, mas o que raios eu tinha com aquilo? Tinha tido uma semana cansativa, trabalhando e estudando, voltando pra casa numa sexta-feira a noite e o cara me apronta uma dessas? Na semana da Pascoa ainda? Oras, tenha dó! Mas ok, aquele dia pelo menos as pessoas foram deixadas lá em cima, mais perto de casa. E hoje? Subir aquele morro a pé, 23 horas, por ruas mal iluminadas por causa de uns arruaceiros? Tenha a santa paciência. Esses caras precisam de alguém pra dar uma boa surra neles.
Protestar tudo bem. Fazer manifestações? tudo bem também. Atrapalhar a vida dos outros? Não, isso não. Os caras queimaram 2 ônibus em protesto contra a prefeitura. Pera lá! Os ônibus nem dá prefeitura são, são de cias. particulares. Além de destruir patrimônio privado eles ainda atrapalharam a vida da comunidade. E por quê? Por falta de impunidade, por não ter ninguém de autoridade que bata no peito, suba aquele morro e grite chega. Mas isso é assunto pra outro post. Fica o recado: Protestar tudo bem, desde que seus problemas não se tornem problemas alheios.

10 comentários:

  1. Carol, texto ótimo esse! Graça, reinvenção e inteligência. Obrigado por sua leitura de Os Dias. Em outubro sairá meu livro novo, depois de 10 anos de silêncio. Te mandarei. bjs W

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  2. Infelizmente este tipo de coisa já é padrão no nosso Brasil, concordo plenamente com sua idginação!!!

    Beijo e Paz...

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  3. ...Carolzinha linda!!

    quanta indignação temos que
    ter de sobra neste país...

    é a vida!

    bjinho, querida!

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  4. Discordo!
    Para ser ouvid o no Brasil tem que causar insatisfação, tem que atrapalhar e tem que fazer bagunça...
    Se ninguém for incomodado ninguém se mexe...

    BEijo
    Amo

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  5. O problema é que mesmo com esses protestos e 'bagunçando' a vida das outras pessoas, nada é resolvido! Quem sabe bater de frente pelo menos a PRIMEIRA vez(pois nunca foi feito isso) nao resolva?!


    Beijos!

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  6. Tamanha indignação não é por menos. Falando do ponto de vista de um gaúcho pessimista desenfreado. Do tipinho urbano "até ali". Eu acho as grandes metrópoles onde vocês vivem uma merda onde o cotidiano é uma aventura PUNK sem certeza de se chegar em casa.
    Eu vivo entre o cheiro de esgoto de Pelotas e o cheiro de bosta de vaca da minha nanocidade e até me sinto feliz. Uma pena os shows internacionais que tem por aí, que eu perco, é claro. Mas um dia eu vou cavar uma grana pra ir...
    Enfim, dane-se o cristo redentor, as praias, o MASP e os shoppings. Metrópoles são foda. Aglomerações urbanas não dão certo. Não dá pra resolver problemas quando são tantos surgindo ao mesmo tempo. Desse jeito somos só net-reclamões "anônimos" sem poder algum pra mudar as coisas. Ainda mais com um povo zumbi controlado por emissoras de TV.
    Bom, como dizia o Raul, eu sou só um rapaz latino americano que também sabe se lamentar.
    Legal o seu BLOG. Valeu por usar o desenho. Se outro servir pode pegar lá.
    Até mais!

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  7. vim aqui agradecer seu carinho.

    sua visita a meu blogue
    voce me dá força me inunda..
    sou mais feliz.


    beijao...

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  8. A falta de respeito com todos nós, pagamos impostos querem o mínimo segurança, saúde e educação mas esta tudo sem controle neste país.

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Sinta-se em casa!